Filolau de Crotona: vida e filosofia

Vida e obra de Filolau de Crotona

Filolau foi um filósofo e pré-socrático nascido na cidade de Crotona em 470 a.C. Pela data de nascimento é possível inferir que ele foi contemporâneo de Sócrates.

Filolau de Crotona é considerado um dos 3 mais importantes defensores do pitagorismo, doutrina filosófica e religiosa criada pelo filósofo grego Pitágoras. Ele foi discípulo de Lísis, um importante filósofo grego pertencente à escola pitagórica.

Sua principal obra se chama Sobre a Natureza. Nesta obra podemos encontrar, por meio dos poucos fragmentos que restaram, a mais antiga descrição da doutrina pitagórica, o que é bastante importante, uma vez que os pitagóricos não costumavam escrever nada sobre a doutrina do grande mestre Pitágoras, tudo era ensinado oralmente. Portanto, Sobre a Natureza é a primeira obra escrita por um pitagórico.

A filosofia de Filolau: o ilimitado e limitado

Filolau, assim como outros pré-socráticos, estava interessado em explicar racionalmente a estrutura do cosmos, e para isso, ele elaborou os conceitos de ilimitado e limitado.

Segundo ele, o cosmo e tudo o que nele existe foi ordenado com elementos ilimitados e limitados. Portanto, todas as coisas existentes são compostas por elementos limitados ou ilimitados.

No entanto, Filolau não explica de modo detalhado os conceitos de ilimitado e limitado. Alguns estudiosos acreditam que o limitado é uma forma geométrica e o ilimitado, substâncias como o cobre, azeite, vinagre.

Os números e o conhecimento

Sabemos que os números têm grande importância para o pitagorismo. Filolau defende que todas as coisas são feitas de números, e o conhecimento humano depende dos números. Para ele, não se poderia pensar ou conhecer alguma coisa sem os números. Diz ele:

A natureza do número nos possibilita o conhecimento, é nosso mestre e guia, em tudo o que é duvidoso e obscuro. Se não existisse o número, nenhuma das coisas poderiam ser conhecidas, nem em si mesmas, nem em suas relações com outras.

Quando os números se harmonizam na alma com a sensibilidade torna as coisas cognoscíveis.

Tudo que existe é feito de números. A força do número pode ser vista nas coisas demoníacas e divinas, nas ações, nas palavras humanas, na técnica e na música.

No número não há qualquer falsidade, mas apenas verdade.

Além disso, o filósofo afirma que os números possuem 3 formas:

  1. par: representando o ilimitado;
  2. ímpar: o limitado
  3. par-ímpar: a harmonia entre par e ímpar

Cosmologia

Filolau defendia também que havia 5 elementos da esfera do mundo:

  • fogo;
  • água;
  • terra;
  • ar;
  • e o envolvedor da esfera;

Segundo uma fonte antiga, Filolau acreditava que o fogo estava no centro, em segundo lugar a antiterra, e depois a Terra que é habitada, oposta àquela que gira com a antiterra.

Enquanto que outros filósofos defendiam que a terra estava em repouso, Filolau acreditava que a terra fazia sua rotação em torno do fogo, em círculo oblíquo, como a lua e o sol.  Acredita-se, por isso, que ele tenha elaborado uma teoria heliocêntrica, embora muito rudimentar.

A concepção de homem

Filolau afirma que o homem é composto por 4 princípios:

  • Cérebro (cabeça): responsável pelo entendimento humano. Este princípio é próprio do homem.
  • Coração: princípio da alma e da sensibilidade, próprio dos animais.
  • Umbigo: princípio do enraizamento e do crescimento do embrião, próprio das plantas.
  • Órgãos geradores: responsável pela seminação e criação, princípio pertencente a todos.

Obras consultadas

BORNHEIM, Gerd. Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.

 

Como citar este artigo

VIEIRA, Sadoque. Filolau de Crotona: vida e filosofia. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/filolau-de-crotona/. Acesso em: 25 de Mar. de 2023.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *