Zenão de Eléia

Biografia de Zenão de Eléia

Zenão foi um filósofo pré-socrático nascido em Eléia no fim do século VI a.C., por volta de 490-485. Ele procurou demonstrar, assim como Parmênides, a impossibilidade do movimento e da multiplicidade. Ele se opôs àqueles que tentavam refutar as teses de Parmênides, demonstrando que as refutações deles eram contraditórias.

A tese filosófica que nega o movimento ficou tradicionalmente conhecida como a Escola Eleática, ou Eleatismo: Parmênides, Zenão, Xénofanes e Melisso de Samos.

Ele teve uma vida política bastante agitada, chegando a ser aprisionado por um tirano. Foi submetido a torturas para entregar seus companheiros políticos, porém ele se recusou e acabou morto pelo tirano.

De usa obra, escrita em sua juventude, restou apenas alguns fragmentos.

Zenão tinha um modo peculiar de argumentar, ele aparentemente concordava com as teses de seus adversários para, então, mostrar que eles levavam a diversas contradições e absurdos, esse tipo de argumento é conhecido como redução ao absurdo.

Devido a sua habilidade em construir argumentos e deduções Aristóteles chamou Zenão de o pai da dialética.

Para entendermos as principais ideias de Zenão, veremos agora seus famosos paradoxos e teses.

➡ VEJA TAMBÉM: O que é o movimento segundo Aristóteles

Os paradoxos de Zenão de Eléia

Para provar a impossibilidade do movimento, Zenão elaborou alguns paradoxos, ou seja, argumentos que aparentemente são verdadeiros, mas que levam a conclusões contraditórias e absurdas. Vejamos agora seus principais paradoxos.

Paradoxo da Dicotomia

Para provar a impossibilidade do movimento, o filósofo de Eléia propõe o seguinte raciocínio:

Para sairmos de um determinado lugar a outro precisamos passar pela metade do caminho. Porém, para alcançarmos a metade deste caminho, precisamos percorrer a metade da metade deste caminho e assim ao infinito. Mas como é impossível percorrer o infinito, Zenão conclui que o movimento não existe, e que não passa de uma ilusão de nossos sentidos.

Aquiles e a tartaruga

Outro paradoxo bastante famoso é o de Aquiles e a tartaruga.

Na tradição grega, Aquiles é conhecido como “o pé veloz”, ao contrário da tartaruga, animal conhecido por ser muito lento. Zenão defende que, por mais que Aquiles seja mais rápido, nunca alcançará a tartaruga.

Zenão imagina a seguinte situação: Aquiles e a tartaruga disputarão uma corrida. Por ser mais veloz, Aquiles permite que a tartaruga obtenha uma certa vantagem, deixando ela ultrapassá-lo em alguns metros. Zenão afirma que Aquiles nunca ultrapassará a tartaruga, pois quando ele tiver percorrido certa distância em determinado tempo, a tartaruga estará percorrendo uma outra distância, e assim indefinidamente. O espaço que separa Aquiles e o lento animal é infinito.

Por mais que observemos com nossos próprios olhos que Aquiles ultrapassa a tartaruga, não deveríamos confiar em nossos sentidos, pois eles nos fazem acreditar em ilusões.

O paradoxo da flecha

Para demonstrar mais uma vez a irrealidade do movimento Zenão propõe o paradoxo da flecha.

Quando vemos uma flecha sendo lançada para atingir certo alvo, percebemos que ela se move. Mas segundo Zenão, trata-se de uma ilusão. Na verdade, a flecha ocupa um determinado espaço em cada um dos instantes percorridos. Em cada um desses instantes a flecha se encontra em repouso.

Zenão de Eléia contra a multiplicidade das coisas

Para Zenão, assim como não há movimento, também não há multiplicidade. Se existisse multiplicidade, teríamos que afirmar que existem muitas unidades, uma vez que a multiplicidade é justamente a multiplicidade das unidades. Mas estas unidades são, para Zenão, impensáveis, pois levam a consequências absurdas.

Se muitas coisas existem, temos que afirmar que elas existem de modo limitado em número, isto é, em unidades. Mas se muitas coisas existem, então elas são numericamente ilimitadas. Ora, isto é uma contradição.

Obras consultadas

BORNHEIM. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, 1989.
KIRK, G.S. Os Filósofos Pré-Socráticos. Lisboa, 1983.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Pagã. São Paulo, 2007.

Como citar este artigo

VIEIRA, Sadoque. Zenão de Eléia. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/zenao-de-eleia/. Acesso em: 25 de Mar. de 2023.

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