Anaxágoras

Anaxágoras (ca. 499 a.C. — 428 a.C.) foi um filósofo pré-socrático, membro da Escola Pluralista. De acordo com sua teoria filosófica, o mundo é composto por uma multiplicidade de elementos.

Biografia

Anaxágoras nasceu em Clazômena, na região da Jônia. Aos 20 anos, mudou-se para Atenas, onde foi mestre de Péricles. Recebeu ensinamentos de Hermótimo de Clazômenas, que era pitagórico, e teve sua filosofia influenciada por Anaxímenes de Mileto e Parmênides.

Anaxágoras enfrentou acusações de impiedade em relação aos deuses por questionar a divindade do Sol e da Lua. Por essa razão, ele foi condenado ao exílio, mas conseguiu fugir com a ajuda de seu discípulo Péricles.

Foi banido de Atenas pouco antes da sua morte, ocorrida na cidade grega de Lâmpsaco em 428 a.C.

Anaxágoras, por Eduard Lebiedzki
Anaxágoras, por Eduard Lebiedzki, 1888.

Obras

Anaxágoras escreveu uma obra chamada Sobre a Natureza, na qual ele propõe resolver o problema filosófico da multiplicidade, refutando as teses monistas defendidas por Parmênides e pelos filósofos da Escola Eleática.

De sua obra restaram alguns fragmentos preservados por Simplício.

As sementes, ou elementos

Anaxágoras defendia a existência de vários elementos que, ao serem organizados e unidos pela Inteligência Cósmica (Nous, em grego), davam origem a todos as coisas.

Estas sementes — eternas, imutáveis e infinitas — não poderiam ser transformadas em outras, e por serem inumeráveis, não devem ser confundidas com os quatro elementos primordiais de Empédocles (fogo, terra, água e ar).

Mesmo dividindo tais sementes em partes menores, elas não perderiam sua qualidade. Estas partes são imutáveis qualitativamente. O filósofo deu o nome de homeomeria (ὁμοιομέρεια) a este princípio.

Anaxagore, por Jose de Ribera
Anaxagore, por Jose de Ribera, 1636.

O Nous

De acordo com Anaxágoras, inicialmente as sementes estavam misturadas de tal forma que se tornaram indistinguíveis. Em um de seus fragmentos ele afirma:

Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez […]; e enquanto juntas, nenhuma delas podia ser reconhecida devido a sua pequenez. Antes de se separarem, nenhuma cor se podia distinguir. Pois a mistura de todas as coisas o impedia.

A partir daí, o Nous, ou seja, a Inteligência Cósmica, as organizou, fazendo com que as coisas se tornassem “misturas bem-ordenadas”.

O Nous, que é ilimitado e autônomo, não é misturado com nada. Diz Anaxágoras:

Todas as outras coisas participam de todas as coisas; porém, o Nous é ilimitado e autônomo, com nada misturado, mas só, por si e para si.

Para Anaxágoras: “tudo está em tudo”. Ele defendia que em cada coisa havia uma porção de cada coisa. Dessa forma, o alimento comido pelos seres vivos torna-se outra coisa, como, por exemplo, cabelo, carne, osso, etc. Diz ele:

[…] em todas as coisas que se unem, estão contidas muitas coisas e de todos os tipos, e sementes de todas as coisas, com formas, cores e sabores diversos. E que assim formaram-se os homens e todos os seres vivos. Como poderia o cabelo vir daquilo que não é cabelo, e a carne daquilo que não é carne?

A impossibilidade de nascer e morrer

Concordando com a teoria de Parmênides, Anaxágoras dizia que as coisas não nasciam nem morriam, pois toda mudança implica apenas composição ou separação dos elementos. Nada vem do nada, ou torna-se um nada. Dizia ele:

Os gregos não têm opinião correta do nascimento e da morte. Pois nada nasce ou morre, mas há mistura e separação das coisas que existem. E assim deveriam chamar de maneira correta o nascimento de mistura e a morte de separação.

Referências 

BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.

KIRK, G.S., RAVEN, J.E. e SCHOFIELD, M. Os Filósofos Pré-Socráticos: história crítica e seleção de textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. História da Filosofia: Filosofia Pagã e Antiga. Vol. 1. São Paulo: Paulus, 2007.

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