Anaxágoras

Biografia de Anaxágoras

Anaxágoras foi um filósofo pré-socrático nascido em Clazômena. Aos 20 anos, mudou-se para Atenas, onde foi mestre de Péricles. Foi banido de Atenas pouco antes da sua morte, ocorrida na cidade grega de Lâmpsaco em 428 a.C.

Ele foi acusado de impiedade para com os deuses, pois questionou a divindade do Sol e da Lua, considerando o Sol uma pedra e a Lua, terra; por essa razão foi exilado, mas conseguiu fugir graças ao seu discípulo Péricles.

Anaxágoras teve como mestre o pitagórico Hermótimo de Clazômenas. Sua filosofia também foi influenciada por Anaxímenes de Mileto e Parmênides.

Obras

Sua principal obra se chama Sobre a Natureza. Nela, ele busca resolver o problema filosófico do múltiplo, indo contra as teses monistas de Parmênides e dos filósofos integrantes da escola eleática.

Da sua obra, apenas restaram alguns fragmentos preservados por Simplício.

A Filosofia de Anaxágoras

Anaxágoras é definido com um pensador da escola pluralista, a qual sustentava que as coisas eram formadas por vários elementos, chamadas também de sementes. 

Estas sementes eram organizadas e unidas pela Inteligência cósmica (Nous, em grego), dando origem a todos os seres do mundo.

As sementes, ou elementos

Diferente dos filósofos antecessores, como Tales de Mileto, que defendia que todas as coisas eram formadas pelo princípio (arché) da água. Ele defendia que as “sementes” de todas as coisas foram organizadas pelo Nous, isto é, uma Inteligência cósmica.

Anaxágoras estava de acordo quanto à tese de Parmênides que afirma a impossibilidade de o não-ser existir. Para ele, “nascer” e “morrer” eram eventos impossíveis de acontecer. Diz ele:

Os gregos não têm opinião correta do nascimento e da morte. Pois nada nasce ou morre, mas há mistura e separação das coisas que existem. E assim deveriam chamar de maneira correta o nascimento de mistura e a morte de separação.

Ou seja, toda mudança implica composição ou separação dos elementos. Nada vem do nada, ou torna-se um nada.

Além disso, esses elementos não podem ser concebidos como na teoria de Empédocles, que sustentava haver apenas 4 elementos primordiais (fogo, terra, água e ar) que formavam todas as coisas.

Os elementos, ou sementes (spérmata), eram tão diversas como diversas são todas as coisas, inumeráveis. O que torna as coisas diferentes é a prevalência desta ou daquela semente em específico.

Tais sementes eram, segundo Anaxágoras, eternas, imutáveis e infinitas quantitativamente. Cada elemento é Uno, e não se transforma em outra coisa.

Ainda que se dividisse tais sementes em partes menores, todas as partes seriam sempre da mesma qualidade. Estas partes são imutáveis qualitativamente. O filósofo deu o nome de homeomeria a este princípio.

O Nous

A princípio, as homeomerias estavam misturadas, de tal forma que se tornaram indistinguíveis. Diz ele em um dos fragmentos:

Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez [..]; e enquanto juntas, nenhuma delas podia ser reconhecida devido a sua pequenez. Antes de se separarem, nenhuma cor se podia distinguir. Pois a mistura de todas as coisas o impedia.

Posteriormente, o Nous, isto é, uma Inteligência Cósmica, organizou as homeomerias. Desse modo, as coisas se tornaram “misturas bem-ordenadas”.

O Nous é ilimitado e autônomo, não é misturado com nada. Diz Anaxágoras:

Todas as outras coisas participam de todas as coisas; porém, o Nous, é ilimitado e autônomo, com nada misturado, mas só, por si e para si.

Para o filósofo: “tudo está em tudo”. Anaxágoras defendia que em cada coisa havia uma porção de cada coisa. Dessa forma, o alimento comido pelos seres vivos torna-se outra coisa, como, por exemplo, cabelo, carne, osso, etc, porque contém estas coisas. Diz ele:

[…] deve-se aceitar que, em todas as coisas que se unem, estão contidas muitas coisas e de todos os tipos, e sementes de todas as coisas, com formas, cores e sabores diversos. E que assim formaram-se os homens e todos os seres vivos. Como poderia o cabelo vir daquilo que não é cabelo, e a carne daquilo que não é carne?

Referências 

BORNHEIM, Gerd. Os Filósofos Pré-Socráticos. São Paulo: Cultrix, 1967.

KIRK, G.S. Os Filósofos Pré-Socráticos. Lisboa, 1983.

REALE, Giovanni. História da Filosofia Pagã. São Paulo, 2007.

Como citar este artigo

VIEIRA, Sadoque. Anaxágoras. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/anaxagoras/. Acesso em: 20 de Mar. de 2023.

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