Anaxágoras (ca. 499 a.C. — 428 a.C.) foi um filósofo pré-socrático, membro da Escola Pluralista.
De acordo com sua teoria filosófica, o mundo é composto por uma multiplicidade de elementos.
Biografia
Anaxágoras nasceu em Clazômena, na região da Jônia. Aos 20 anos, mudou-se para Atenas, onde foi mestre de Péricles. Recebeu ensinamentos de Hermótimo de Clazômenas, que era pitagórico, e teve sua filosofia influenciada por Anaxímenes de Mileto e Parmênides.
Anaxágoras enfrentou acusações de impiedade em relação aos deuses por questionar a divindade do Sol e da Lua. Por essa razão, ele foi condenado ao exílio, mas conseguiu fugir com a ajuda de seu discípulo Péricles.
Foi banido de Atenas pouco antes da sua morte, ocorrida na cidade grega de Lâmpsaco em 428 a.C.

Obras
Anaxágoras escreveu uma obra chamada Sobre a Natureza, na qual ele propõe resolver o problema filosófico da multiplicidade, refutando as teses monistas defendidas por Parmênides e pelos filósofos da Escola Eleática.
De sua obra restaram alguns fragmentos preservados por Simplício.
As sementes, ou elementos
Anaxágoras defendia a existência de vários elementos que, ao serem organizados e unidos pela Inteligência Cósmica (Nous, em grego), davam origem a todos as coisas.
Estas sementes — eternas, imutáveis e infinitas — não poderiam ser transformadas em outras, e por serem inumeráveis, não devem ser confundidas com os quatro elementos primordiais de Empédocles (fogo, terra, água e ar).
Mesmo dividindo tais sementes em partes menores, elas não perderiam sua qualidade. Estas partes são imutáveis qualitativamente. O filósofo deu o nome de homeomeria (ὁμοιομέρεια) a este princípio.

O Nous
De acordo com Anaxágoras, inicialmente as sementes estavam misturadas de tal forma que se tornaram indistinguíveis. Em um de seus fragmentos ele afirma:
Todas as coisas estavam juntas, ilimitadas em número e pequenez […]; e enquanto juntas, nenhuma delas podia ser reconhecida devido a sua pequenez. Antes de se separarem, nenhuma cor se podia distinguir. Pois a mistura de todas as coisas o impedia.
A partir daí, o Nous, ou seja, a Inteligência Cósmica, as organizou, fazendo com que as coisas se tornassem “misturas bem-ordenadas”.
O Nous, que é ilimitado e autônomo, não é misturado com nada. Diz Anaxágoras:
Todas as outras coisas participam de todas as coisas; porém, o Nous é ilimitado e autônomo, com nada misturado, mas só, por si e para si.
Para Anaxágoras: “tudo está em tudo”. Ele defendia que em cada coisa havia uma porção de cada coisa. Dessa forma, o alimento comido pelos seres vivos torna-se outra coisa, como, por exemplo, cabelo, carne, osso, etc. Diz ele:
[…] em todas as coisas que se unem, estão contidas muitas coisas e de todos os tipos, e sementes de todas as coisas, com formas, cores e sabores diversos. E que assim formaram-se os homens e todos os seres vivos. Como poderia o cabelo vir daquilo que não é cabelo, e a carne daquilo que não é carne?
A impossibilidade de nascer e morrer
Concordando com a teoria de Parmênides, Anaxágoras dizia que as coisas não nasciam nem morriam, pois toda mudança implica apenas composição ou separação dos elementos. Nada vem do nada, ou torna-se um nada. Dizia ele:
Os gregos não têm opinião correta do nascimento e da morte. Pois nada nasce ou morre, mas há mistura e separação das coisas que existem. E assim deveriam chamar de maneira correta o nascimento de mistura e a morte de separação.
Referências
BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.
KIRK, G.S., RAVEN, J.E. e SCHOFIELD, M. Os Filósofos Pré-Socráticos: história crítica e seleção de textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. História da Filosofia: Filosofia Pagã e Antiga. Vol. 1. São Paulo: Paulus, 2007.
Como citar este artigo
VIEIRA, Sadoque. Anaxágoras. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/anaxagoras/. Acesso em: 29 de Set. de 2023.