A educação na antiguidade

Com o advento da modernidade, se tornou comum a inserção das crianças nas escolas. Os pais possuem uma relação de confiança com as instituições de ensino, confiança essa, que, se baseia em uma única coisa: “garantir a educação” dos seus filhos. Porém, qual é o papel da escola hoje?

O que é educação?

Geralmente, os pais incentivam as crianças a irem às escolas para que elas possam ter uma boa “educação” e consigam um “bom emprego”. Mas afinal, o que é Educação?

A educação é basicamente a instrução, instrução essa, que, facilite de algum modo o desenvolvimento intelectual, físico, mental e moral do sujeito em questão.

A sociedade contemporânea pensa a educação como o aperfeiçoamento do estudo das técnicas (matemática, biologia, física) e do estudo da história e das letras. Tais estudos são fundamentais para a inserção do estudante em uma universidade. Além disso, em ambiente acadêmico, o estudante se prepara para o mundo do trabalho.

Paidéia: a educação na Grécia antiga

A educação é um tema antigo, pode-se dizer que Homero foi o primeiro grande educador grego. Seus escritos épicos como: Odisseia e Ilíada, deram início ao pensamento pedagógico da época. O primeiro modelo educacional se encontra na ilíada, onde a figura de Aquiles dá início a Paidéia grega – formação integral do homem grego.

Aquiles era um jovem guerreiro, instruído, dominador das armas e dos valores morais da época. Atenas e Esparta foram cidades que se inspiraram nessa obra para a educação de suas crianças (as crianças instruídas apresentavam habilidades motoras, intelectuais e físicas, que visam o equilíbrio e o bem-estar dos jovens).

Antes da criação da escrita, a educação era dada pelas famílias – essa educação tinha base na tradição religiosa da época. A partir da criação da pólis ateniense, surgem as primeiras escolas, inicialmente o ensino escolar era restrito apenas para os nobres e os grandes comerciantes, mas algum tempo depois, o ensino foi universalizado aos cidadãos atenienses. Era atribuído a esses estudantes o termo “ócio digno”, este termo era empregado aos jovens que tinham tempo livre para pensar (geralmente, eles pensavam em formas de governo e táticas de guerra).

O papel da educação grega

O papel da educação grega era de formar um cidadão fiel ao estado (mais necessariamente, fiel à legislação e aos deveres cívicos), fiel aos deuses e fiel às palavras (o domínio das palavras era fundamental para a participação política na cidade). O teatro foi um grande método educacional para a época. Nas escolas, as crianças estudavam música, gramática e ginástica.

Durante a adolescência, os jovens estudavam filosofia, geometria, astronomia e matemática. De acordo com as necessidades do momento, eles modificaram seus métodos de ensino e seus conteúdos.

A educação na Idade Média

Durante a Idade Média, a educação sofreu algumas alterações. A Igreja Católica mantinha o monopólio cultural e intelectual, por essa razão a educação possuía uma orientação religiosa. O modo e o conteúdo do estudo era determinado pelas autoridades eclesiásticas. As obras de grandes pensadores eram mantidas em mosteiros e nas igrejas.

A sua transmissão para gerações posteriores se deu por meio de cópias dos manuscritos e da elaboração de manuais feitos por autores como Santo Agostinho, Boécio e Santo Isidoro. As obras de Agostinho, por exemplo, mantiveram considerável influência na educação medieval até o século XIII.

Santo Agostinho entregou aos educadores medievais certos princípios pedagógicos onde os jovens deveriam se pautar pelo aprendizado das artes liberais e à filosofia, com o intuito de aproveitar mais o estudo das Escrituras Sagradas.

Dentre as escolas que existiam na época, destaca-se a monástica, destinada a formação de monges, e onde se cultivava o estudo do latim, da teologia e filosofia; e as escolas paroquiais, que tinham o objetivo de formar padres e estudar diversas disciplinas religiosas.

A criação das universidades na Idade Média

A partir do século XII, surge a criação das escolas de corporações de ofícios, a fim de ensinar conhecimentos técnicos. Nesse período também surge a criação das primeiras universidades cuja doutrina e método de ensino ficou conhecido como escolástico.

O ensino nesse período era voltado a conciliar a fé cristã com o rico conhecimento filosófico que naquele momento aflorava no ocidente através dos árabes. As autoridades eclesiásticas da época, viam que a influência dos filósofos pagãos poderiam de alguma forma entrar em conflito com os dogmas cristãos, por essa razão, eles buscaram tomar conhecimento destes filósofos para confrontá-los ou mesmo buscar uma reconciliação.

Ainda nesse período, foi estabelecido um programa básico de ensino e estudos conhecido como artes liberais. Estas artes se dividiam em trivium (estudo da gramática, lógica e retórica) e quadrivium (estudo da aritmética, geometria, astronomia e música). A educação era restrita ao clero e à nobreza. Muitos dos grandes  pesquisadores desse momento histórico eram monges.

A educação na Idade Moderna

Durante a Idade Moderna, houve uma espécie de “renascimento educacional”, onde os “princípios” educacionais voltaram-se para o modelo grego. A figura da escola era central na vida do aluno para que ele pudesse obter o conhecimento necessário para sua formação cultural, ideológica e profissional.

O modelo educacional se fundamentava na figura do professor. A família e a Escola eram instituições que tinham o dever de instruir as crianças – as crianças aprendiam uma nova forma de se comportar e de ver o mundo.

Com a criação do primeiro colégio, houve uma nova forma de reorganizar o ensino. A partir deste momento, os estudantes passaram a conviver com outros estudantes de sua faixa etária nos internatos; após isso, foram criadas as disciplinas escolares. Após um determinado período, foi instituído o uso das avaliações para medir o conhecimentos dos estudantes. É importante salientar que nem todos os estudantes tiveram a oportunidade de estudar em internatos, assim como em outros períodos históricos, o ensino não era acessível a todos.

Os  conhecimentos  técnicos  foram  centrais  para  a formação do homem moderno, esses conhecimentos técnicos são originários das primeiras corporações de ofício surgidas durante o período medieval. O racionalismo cartesiano ganhou espaço na sociedade  moderna, deu-se  início  a  um  novo  momento no mundo, onde a epistemologia foi exaltada.

René Descartes foi um dos maiores filósofos desse momento, e além disso, seu método deu ao indivíduo uma maior autonomia para o verdadeiro conhecimento ser, de fato, alcançado. A educação da Idade moderna caracterizava-se pelo realismo e humanismo.

O desenvolvimento do Capitalismo

No decorrer desse período histórico, a burguesia foi ganhando espaço e com ela, o capitalismo crescia mais e mais. Com o advento da Idade Contemporânea, o capitalismo foi se inflando, e com as revoluções industriais ele explodiu. Houve o chamado êxodo rural, que favoreceu a desigualdade dentro das cidades.

Com as cidades sofrendo pela superlotação, os grandes “empresários” passaram a contratar crianças para exaustivas jornadas de trabalho. Geralmente, essas crianças eram oriundas de classes baixas, viviam em extrema pobreza e precisavam ajudar os pais a conseguir mais dinheiro. A partir disso surgiram diversos conflitos entre os trabalhadores e os grandes empresários, já que as condições de trabalho eram insalubres e exaustivas.

A crítica de Karl Marx

Um grande pensador que escreveu a respeito disso foi Karl Marx, que com seu ideal revolucionário criticou (juntamente com Engels) essas condições de trabalho. A partir dessas críticas houve a chamada Luta de  Classes, os trabalhadores passaram a buscar melhorias de emprego e gradualmente, eles mudaram esse cenário trabalhista degradante.

Em 1833 as fábricas têxteis da Inglaterra pararam de contratar crianças entre 9 e 13 anos para o trabalho nas fábricas que duravam mais de 9 horas, e as crianças de 13 a 16 anos foram proibidas de trabalhar por mais de 12 horas. O horário da noite era livre para as crianças poderem ir à escola. Esse acontecimento de diminuição do horário de trabalho das crianças não se estendeu por toda a Europa.

Declaração Universal dos Direitos da Criança

Após a Primeira Guerra Mundial, as crianças passaram a ser mais “protegidas” e valorizadas. Entretanto, somente em 1959 elas passaram a ter direito a infância assegurado pela Declaração Universal dos Direitos da Criança. A partir de então, o ideal moderno foi “ressuscitado”, e as crianças passaram a ter o direito e o dever apenas de estudar.

Qual é o papel da escola hoje?

A finalidade mais visível das instituições escolares modernas é formar os alunos para o trabalho. A educação consegue possibilitar o aluno “ser sucedido’’. Isso porque, ser bem sucedido é o que mais importa neste mundo dominado pelo sistema capitalista. Neste sentido, é possível notar o quanto a escola se tornou soberana, isso porque estudar é um convite à “viver bem”. Isto demonstra que a maior finalidade de frequentar escolas e universidades não é adquirir conhecimento, mas sim ser visto com bons olhos pela sociedade atual.

Há uma relação de confiança e risco entre as famílias e as escolas. Os pais confiam nas escolas para a preparação dos filhos para o mundo do trabalho, e a escola não garante sucesso durante essa trajetória. Além disso, a escola não pode garantir a segurança de seus alunos e os pais perdem a confiança nas instituições de ensino, o que para Giddens é uma situação de desencaixe.

Problemas educacionais no Brasil

Para alguns estudiosos da educação, o modelo educacional atual é frágil e inconsistente. Por exemplo, no Brasil, segundo os dados do IBGE, cerca de 1,3 milhões de estudantes de 15 a 17 anos não estão matriculados no ensino médio. Esse problema se dá por diversos motivos, entre eles, problemas financeiros (o estudante precisa sair da escola para trabalhar), problemas psicológicos (os estudantes não possuem apoio psicológico na escola), falta de segurança (alguns alunos são ameaçados por outros alunos em ambiente escolar), problemas na comunidade e também na falta de interesse dos alunos pelas disciplinas escolares.

Os estudantes que não se especializarem no trabalho (por meio de cursos técnicos ou cursos superiores), provavelmente, serão mão de obra barata para os empresários, e , nessa sociedade do espetáculo na qual estamos inseridos, eles serão vistos como “aqueles que não se deram bem na vida”, o nosso “bem estar” social é medido por nosso consumismo material.

Levando em consideração a perspectiva do sociólogo Anthony Giddens, na obra intitulada: “As consequências da Modernidade”, a história humana é marcada por certas descontinuidades e não tem uma forma “homogênea” dela acontecer. Desta forma é possível notar a continuidade da educação, porém, com outras finalidades, concepções e formas de ensino. Ou seja, uma clara descontinuidade em relação aos anos preliminares, tornando-se uma “continuidade descontinuada”.

Conclusão

Considerando o que foi apresentado anteriormente, pôde-se observar que todas as transformações que ocorreram no mundo desde a antiguidade influenciaram o cenário que temos hoje.

Com o avanço das tecnologias, há uma maior procura por trabalhos específicos, dessa forma, há uma maior relação de dependência entre os indivíduos. Além da especificidade do trabalho, outras consequências da modernidade como: abandono das tradições, novas formas de ensino, novas relações sociais, consumismo exacerbado, industrialização massiva e a desigualdade proporcionaram os grandes estudos sociais feitos no mundo pós-moderno.

As instituições de ensino passaram a moldar as crianças para o trabalho. Elas se acostumaram com horários, com as técnicas e desde pequenas são influenciadas pelos pais a serem médicas, engenheiras ou qualquer outra coisa que tenha uma boa rentabilidade.

As crianças não trabalham, mas estudam para isso. O sistema capitalista proporcionou esse cenário atual. A lógica do capital é de que o dinheiro é necessário para que os países se desenvolvam.

As pessoas acreditam que o dinheiro é necessário para que elas “vivam bem” e isso é explícito quando vemos o grande êxodo rural que aconteceu no mundo. Além do mais, o capitalismo pode ser considerado a natureza das consequências de diversas mudanças da Modernidade.

Referências

BARBOSA, M, L, O. OLIVEIRA, M, G M. QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos. 2ª Edição. Minas Gerais: Editora UFMG, 2003.

DEBORD, Guy. Sociedade do Espetáculo. Lisboa: Edições Antipáticas, 2005.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. 5ª Edição. São Paulo: Editora UNESP, 1991.

GRAF, K. E. A evolução histórica e legislativa do trabalho do menor. 2008.Monografia. UNIVALI, Itajaí. 2008.

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