Biografia de Melisso de Samos
Melisso, filho de Itágenes, foi um filósofo pré-socrático e um dos representantes, ao lado de Zenão de Eléia, da escola eleática.
Ele nasceu na ilha grega de Samos por volta do século V a.C. Não há muitos registros históricos sobre sua vida, mas sabe-se que ele foi um experiente marujo, chegou a comandar a esquadra de Samos derrotando os atenienses em 440 a.C. Além disso, Melisso também foi um político.
Obras
A principal obra de Melisso de Samos se chama Sobre a Natureza, também conhecida como Sobre o Ser.
Trata-se de um poema em prosa no qual ele defende principalmente a teoria de Parmênides sobre o ser. Porém, desta obra, restaram apenas alguns fragmentos.
As principais ideias de Melisso
Sobre o ser
Melisso defendia a doutrina filosófica da escola eleática, cujo principal representante foi Parmênides, e cuja principal tese era de que o ser era imóvel e Uno.
Em um dos fragmentos de sua obra, Melisso afirma:
[O ser] sempre foi o que foi e sempre será, porque se tivesse sido gerado, antes de ser gerado não seria nada. Mas se nada era, nada poderia ser gerado a partir do nada.
Portanto, para ele, seria absurdo afirmar que o ser tenha tido uma origem no tempo. O ser é eterno e uno, sempre foi e sempre será, sem início ou fim. O ser é ilimitado.
Diante de tudo isso, se deduz que nossos sentidos não são confiáveis, pois eles parecem nos mostrar que no mundo há mudanças, geração e corrupção dos seres, bem como a multiplicidade dos seres. Todos os dados dos sentidos, portanto, são ilusórios.
No entanto, Melisso buscou aprimorar e corrigir alguns pontos da teoria parmenidiana sobre o ser.
Parmênides defendeu que o ser é finito e limitado. Melisso, contrariamente, afirmou que o ser é infinito, pois não tem limites espaciais ou temporais.
Melisso afirma que o ser é Uno, pois se fossem dois não poderia ser infinito, pois um estaria limitado pelo outro.
Ele afirma ainda que o ser uno-infinito é incorpóreo, porém não no sentido de ser imaterial, mas sim no sentido de que o ser não possui qualquer figura que limite ou determine os corpos. Diz ele em um dos fragmentos:
Se o ser é, deve ser um. Se é um, não deve possuir corpo. Se tiver espessura, o ser teria partes e não seria mais uno.
O ser não sofre dor, afirma Melisso, pois se sofresse dor não seria sempre e nem possuiria a força do sadio.
Em resumo, Melisso defende que o ser é:
- eterno;
- uno;
- ilimitado;
- não gerado, sem início o fim, indestrutível;
- homogêneo
- imóvel: não sofre mudanças;
- não sofre dor;
Sobre o vazio
Em sua obra, Melisso também defende que o vazio não existe, já que conceitualmente, o vazio nada é, e o que nada é, não pode existir. O vazio também não se move, pois não tem lugar para onde mover-se, pois é pleno.
Referências
BORNHEIM. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, 1989.
KIRK, G.S. Os Filósofos Pré-Socráticos. Lisboa, 1983.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Pagã. São Paulo, 2007.
Como citar este artigo
VIEIRA, Sadoque. Melisso de Samos. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/melisso-de-samos/. Acesso em: 25 de Mar. de 2023.