Karl Popper

Karl Popper foi um filósofo austro-britânico, considerado um dos mais importantes e influentes do século XX. Nasceu em Viena, Áustria, em 28 de julho de 1902, e faleceu em Londres, Inglaterra, em 17 de setembro de 1994.

Popper é conhecido por suas contribuições para a filosofia da ciência, especialmente por sua defesa da falsificabilidade como critério de demarcação entre ciência e não ciência. Sua obra mais conhecida é A Lógica da Pesquisa Científica, publicada em 1934. Ele também se destacou em outras áreas, como a filosofia política e a epistemologia, deixando um legado importante para a filosofia contemporânea.

A ciência segundo Karl Popper

Karl Popper discordava da descrição tradicional da ciência que afirmava que a atividade científica começa com a observação empírica.

De acordo com Popper, a visão mais antiga da ciência insinua que os cientistas vagueiam por aí fazendo observações e então tentam explicar o que eles observaram.

Popper expôs o problema em seu livro:

Há 25 anos, tentei levar este assunto a um grupo de estudantes de física em Viena, iniciando uma aula com as seguintes instruções: “Pegue um lápis e um papel: observe cuidadosamente, e escreva o que você observou”! Eles perguntaram, é claro, o que eu queria que eles observassem. Claramente a instrução “Observe!” é absurda… Observação é sempre seletiva. Ela precisa de um objeto escolhido, uma tarefa definida, um interesse, um ponto de vista, um problema.

Conjecturas e Refutações – Karl Popper

Assim, para Karl Popper, a atividade científica começa com um problema, e o problema determina que observações os cientistas farão. O próximo passo é propor soluções para o problema (conjecturas) e depois tentar encontrar falhas com as soluções propostas (refutações).

Para Popper, o método científico envolve três etapas:

  • problemas;
  • teorias (propostas de soluções);
  • críticas;

Princípio da falseabilidade

Segundo Karl Popper, o critério de demarcação que distingue uma teoria científica de uma teoria não-científica é o princípio da falsificação. Uma teoria científica deve ser refutável.

Ao contrário do que muitos acreditam, se alguma observação concorda com uma teoria, a teoria é fraca, não forte. Popper passou muito tempo criticando as teorias de Freud e Adler por esta razão. Sem exceção, tudo o que uma pessoa faz pode ser visto como apoio a qualquer uma dessas teorias. Isto porque essas teorias são tão vagas que, não importa o que aconteça, sua verificação pode ser reivindicada.

Segundo Popper, é também a indefinição que impede um teste significativo dos horóscopos criados pelos astrólogos. Ele contrastou tais teorias com a de Einstein, que prevê precisamente o que deve ou não acontecer se a teoria estiver correta. Assim, a teoria de Einstein, ao contrário das teorias de Freud e Adler e das previsões astrológicas, era refutável e, portanto, científica.

Assim, para Popper, para que uma teoria seja científica, ela deve fazer previsões arriscadas, previsões que correm um risco real de serem incorretas. Teorias que não fazem previsões arriscadas ou que explicam fenômenos depois de já terem ocorrido não são, segundo ele, científicas.

Além da indefinição, outro grande problema com muitas teorias psicológicas, como a de Freud e Adler, é que elas se dedicam mais em explicar os fenômenos depois de já terem ocorrido do que em prevê-los. Seja devido à indefinição ou à ênfase na explicação posterior, essas teorias não fazem previsões arriscadas e não correm o risco de serem falsificadas. Elas são, portanto, não científicas.

De acordo com Popper, são as previsões incorretas da teoria, e não as corretas, que causam o progresso científico. Na ciência, as teorias contribuem normalmente não por estarem certas, mas por estarem erradas. Em outras palavras, o avanço científico em teoria, bem como os experimentos, tende a ser construído sobre as sucessivas correções de muitos erros, tanto pequenos quanto grandes. Assim, a noção popular de que uma teoria deve estar certa para ser útil é incorreta.

Segundo Popper, todas as teorias científicas serão eventualmente consideradas falsas e serão substituídas por teorias mais apropriadas; é apenas uma questão de tempo. Por esta razão, o status mais alto que uma teoria científica pode atingir, segundo Popper, é sua não confirmação. A ciência Popperiana é uma busca incessante por soluções cada vez melhores para os problemas ou explicações dos fenômenos.

No entanto, Popper não acreditava que as teorias não-científicas são inúteis. Ele disse:

Historicamente falando, todas as teorias científicas têm origem em mitos, e um mito pode conter importantes antecipações de teorias científicas. Assim, acredito que se uma teoria é considerada não científica, ou “metafísica”, não pode ser considerada sem importância, ou insignificante, ou “sem sentido”.

Popper usou a falsificação como uma demarcação entre uma teoria científica e uma teoria não-científica, mas não entre uma teoria útil e uma teoria inútil. Muitas teorias em psicologia falham no teste de falsificação de Popper, seja porque são declaradas em termos tão gerais que são confirmadas por quase qualquer observação, seja porque se envolvem em “pós-explicação” em vez de previsão. Tais teorias carecem de rigor científico, mas muitas vezes ainda são consideradas úteis. As teorias de Freud e Adler são exemplos.

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