Ética moderna

Na Idade Média, a cosmovisão era teocêntrica, ou seja, Deus no centro de tudo.

Na Idade Moderna, com o surgimento do movimento humanista, o ser humano passou a ser o centro de interesse e, desse modo, o teocentrismo medieval foi substituído pelo antropocentrismo, e a fé foi substituída pela razão.

Características da Ética Moderna

As principais características da ética moderna são:

  • Defesa da autonomia intelectual e moral dos indivíduos;
  • Ética baseada na razão, desvinculada da religião, em harmonia com a natureza humana.

Os principais representantes da ética moderna

Os principais representantes da ética moderna são:

  • David Hume;
  • Immanuel Kant;
  • Jeremy Bentham
  • John Stuart Mill

David Hume: moral do sentimento

David Hume, por Allan Ramsay, 1766.

David Hume, filósofo escocês, foi um empirista crítico do racionalismo cartesiano, com notável contribuição nos debates sobre o conhecimento humano e a ética moderna.

Hume escreveu uma obra chamada Tratado da natureza humana, onde elabora sua teoria ética.

De acordo com Hume, a vontade é determinada pelas paixões, não pela razão. Nossas ações morais estão ligadas aos sentimentos de aprovação ou reprovação, bem como às sensações de prazer, dor e remorso.

Portanto, a razão lida apenas com aquilo que pode ser determinado verdadeiro ou falso, elaborando juízos de fatos, enquanto os atos morais exigem juízos de valor.

Leia também: A Diferença entre Juízos de fato e juízos de valor.

Kant, autonomia e o imperativo categórico

Kant rejeitou os princípios da ética grega antiga e da ética medieval cristã — que sustentavam que a ação humana deveria ser guiada pela busca da felicidade, prazer ou pela obediência a Deus — e estabeleceu uma ética na qual o ser humano deveria agir simplesmente por dever, e não por recompensas ou punições divinas.

Immanuel Kant, por Johann Gottlieb Becker
Immanuel Kant, por Johann Gottlieb Becker, 1768.

Para os iluministas — movimento intelectual do século XVIII — o ser humano deveria orientar sua vida pela luz da razão, em vez de seguir opiniões filosóficas dominantes ou tradições religiosas.

Immanuel Kant, um dos principais expoentes do Iluminismo e da ética moderna, fundamentou sua ética na defesa da autonomia dos indivíduos.

Em suas obras Crítica da Razão Prática e Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant sustenta que a razão humana é legisladora, capaz de estabelecer regras morais universais, uma vez que todos os seres humanos compartilham a razão em comum. As normas morais devem derivar da razão e somente dela.

Imperativo categórico

Kant defende que as regras morais devem ser seguidas por dever. Aqueles que aderem a normas éticas estão cumprindo o que a razão humana determinou como correto. Em Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant afirma:

Age segunda uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal

Kant chamou essa máxima de imperativo categórico, pois o indivíduo deve obedecê-lo obrigatoriamente em todas as situações, uma vez que deriva da razão e nos permite orientar nossas ações.

Os tipos de imperativos

  • Imperativo hipotético: impõe uma ação específica como meio para alcançar um fim, como, por exemplo, prazer, felicidade, entre outros.
  • Imperativo categórico: implica em uma ação necessária em si, ou seja, a ação é intrinsecamente boa, não visando a outro objetivo.

O princípio de universalização

As ações humanas devem ser avaliadas de acordo com o princípio de universalização, isto é, devemos refletir se a ação em questão poderia ser adotada por todos sem prejudicar a humanidade. Caso não seja possível universalizá-la, não será considerada moralmente correta.

A ética kantiana é chamada ética formalista, por determina o dever como regra universal sem considerar a situação ou condição concreta de cada indivíduo.

John Stuart Mill e Bentham

Retrato de John Stuart Mill
John Stuart Mill, 1870.

A ética utilitarista, criada e desenvolvida pelos filósofos Jeremy Bentham e Stuart Mill, estabelece que o bem é aquilo que possibilita a felicidade, afastando da dor e sofrimento.

Esses filósofos defendiam que a ética deveria ser considerada em seu aspecto social. A noção ética de felicidade e bem-estar deveria ser compreendida como aquilo que beneficia o maior número de pessoas.

Esta ética assemelha-se com o princípio hedonista que defende a busca do prazer. No entanto, o utilitarismo enfatiza a importância do social. 

Stuart Mill criticou as teorias egoístas, muito difundidas pelos liberais clássicos. Por isso ele defendia um liberalismo de natureza mais democrática.

Como citar este artigo

VIEIRA, Sadoque. Ética moderna. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/etica-moderna/. Acesso em: 23 de Set. de 2023.

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