Epicuro foi um filósofo do período helenístico nascido em Samos em 341 a.C. e morreu em 270 a.C aos 71 anos. Em Atenas, por volta de 307 a.C., Epicuro fundou sua famosa escola num jardim, daí seu nome: jardim de Epicuro.
O prazer para Epicuro
Epicuro acreditava que o prazer é o caminho da felicidade. A felicidade é o prazer que vem da satisfação dos nossos desejos. Ser feliz, portanto, é sentir prazer.
Epicuro também afirma que, baseando-se em sua visão sensualista, que todos os seres humanos buscam o prazer e fogem da dor. Para que o homem alcance a felicidade é necessário condições materiais e psicológicas adequadas para aproveitar o prazer que a vida oferece. O prazer é justamente a ausência de dor.
Segundo Epicuro, as superstições e preocupações religiosas são empecilhos que nos causam infelicidades. Certas crenças religiosas impõe medo aos seus adeptos. Na Grécia antiga, por exemplo, os gregos evitavam certas práticas para não ofender os deuses, temendo serem castigados por eles. Temiam também que os poderosos deuses de sua religião interferissem em suas vidas, tirando a vida daqueles a quem amavam.
No entanto, para Epicuro, todas essas preocupações e perturbações poderiam ser evitadas se as pessoas entendessem que todo o universo (e a alma humana) é pura matéria. Tudo o que acontece no mundo é resultado dos movimentos aleatórios dos átomos; esse processo aleatório é indiferente ao destino dos homens. Tudo o que acontece com as pessoas é fruto do acaso. Essa crença, de que tudo é movimento dos átomos, foi herdada dos filósofos atomistas: Demócrito e Leucipo.
Compreendendo que o universo é apenas matéria e regido por movimento aleatório, as pessoas conseguiriam extirpar o medo da morte, que gera angústia e infelicidade.
Na sua obra Carta a Meneceu, Epicuro diz:
Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. […] quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos.
Os tipos de desejos
Segundo Epicuro, há três tipos de desejos:
- Necessários e naturais: dormir, comer, beber;
- Naturais e desnecessário: por exemplo, desejar se alimentar com comida refinada, desejar tomar apenas bebidas caras, etc.
- Não naturais e desnecessário: como a busca pela riqueza, poder, fama.
Mas o segredo para alcançar a felicidade e o prazer é se contentar com pouco. Quando uma pessoa reduz sua expectativa, dificilmente ela se decepcionará. Muitas vezes o prazer está em coisas simples da vida, como um prato de comida, um copo de água. Não é proibido comer em um rico banquete, ocupar um cargo elevado, mas sim sempre desejar essas coisas.
A moderação dos desejos
Epicuro aconselhava a moderação dos desejos.
Quem muito deseja, está mais propenso a se frustrar, pois nessa vida não é possível satisfazer todos nossos desejos. Por isso, ele recomendava que os indivíduos descartassem todos aqueles desejos inúteis, deixando apenas os desejos naturais e necessários, mas sempre com moderação.
A prudência
Não são todos os prazeres que podem trazer felicidade. Por essa razão, é justo afirmar que existem uma hierarquia dos prazeres, há alguns que são superiores a outros. Epicuro recomenda sempre agir com prudência racional, avaliando a natureza de cada prazer.
Autarquia e ataraxia
Discernindo prudentemente os prazeres e evitando aqueles que trazem infelicidade, o homem consegue governar sua própria vida, isto é, conquista a autarquia. Pela autarquia, o homem também alcança a ataraxia, que significa o estado de imperturbabilidade da alma, este é o objetivo final do epicurismo.
Como citar este artigo
VIEIRA, Sadoque. Epicuro: o prazer e a felicidade. Filosofia do Início, 2022. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/epicuro-o-prazer-e-felicidade/. Acesso em: 20 de Mar. de 2023.