Diógenes de Apolônia foi um filósofo pré-socrático, físico e médico grego.
Ele desenvolveu uma filosofia eclética, combinando as teorias filosóficas de Anaxímenes, que propunha o ar como arché, com as de Anaxágoras, que defendia a existência de uma Inteligência Cósmica (Nous) organizadora dos elementos primordiais.
Biografia
Diógenes, filho de Apolótemis, nasceu em Apolônia na segunda metade do século V a.C. Considerado o último filósofo pré-socrático, ele foi contemporâneo de Anaxágoras e discípulo de Anaxímenes.
Diógenes pertenceu à escola da physis, que buscava filosoficamente estabelecer o princípio pelo qual tudo se originava, conhecido como arché.
Obras
Segundo o testemunho de Simplício, Diógenes teria escrito quatro livros:
- Contra os sofistas;
- Meteorologia;
- Da natureza do Homem;
- Da natureza;
No entanto, somente os fragmentos da sua obra Da Natureza sobreviveram.
O ar como arché
Diógenes afirmava que o princípio primordial, ou seja, a arché, seria o Ar, uma substância de natureza infinita da qual todas as coisas surgiram. Por essa razão, o sistema filosófico de Diógenes é caracterizado como monista, pois postula que há uma única e mesma origem para todas as coisas que existem no mundo.
O Ar ilimitado e imóvel gera os mundos através da sua condensação e rarefação.
Causa dos nossos sentidos, inteligência, pensamento e vida, o ar é mantenedor da vida. Em um de seus fragmentos, Diógenes diz:
Os homens e os outros seres animados vivem da respiração do ar. E isto é para eles alma e inteligência; porque, se lhes for retirado, morrem e sua inteligência se apaga.
O ar-inteligência
Anaxágoras já havia defendido um princípio inteligente, o Nous. Diógenes, semelhantemente, adotou o Nous de Anaxágoras à sua teoria, e assim, defendeu que o ar possui inteligência e é divino. Diz ele:
Assim como Anaxágoras, que havia defendido a existência de um princípio inteligente, o Nous, Diógenes também incorporou este conceito à sua teoria. Ele acreditava que o ar possuía inteligência e era divino:
E a mim parece que possui inteligência aquilo que os homens chamam de ar, e que todas as coisas são governadas por ele, e que tem poder sobre todas elas. Pois é este precisamente que eu tomo por Deus, que atinge tudo, dispõe de tudo e está em tudo.
Podemos perceber que as coisas existem de maneira diferentes no mundo, ora mais quente, ora mais frio, mais úmido ou mais seco. Para o filósofo de Apolônia, estas diferenciações são variações do ar.
Devido à infinidade de variações, os seres também são multiformes e múltiplos, não possuindo nenhuma semelhança, nem em seu modo de vida, nem em inteligência. Nesse sentido, Diógenes diverge da tese de Melisso de Samos, que defendia a existência de um ser Uno, homogêneo e imóvel. Diz o filósofo:
Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água, ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo -, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras.
Referências
BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.
KIRK, G.S., RAVEN, J.E. e SCHOFIELD, M. Os Filósofos Pré-Socráticos: história crítica e seleção de textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
Como citar este artigo
VIEIRA, Sadoque. Diógenes de Apolônia. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/diogenes-de-apolonia/. Acesso em: 29 de Set. de 2023.