Spinoza

Biografia

Baruch de Spinoza foi um filósofo racionalista do século XVII, nascido em 1632 em Amsterdã, nos Países Baixos.

Spinoza fazia parte de uma família de judeus espanhóis que se refugiou na Holanda para escapar da Inquisição em Portugal. Naquele período, a Holanda destacava-se como um dos raros locais na Europa onde os judeus desfrutavam da liberdade de praticar sua fé.

Na comunidade judaica de Amsterdam, Spinoza estudou hebraico, a Bíblia e o Talmude.

Excomunhão

À medida que Spinoza amadurecia suas ideias filosóficas, afastava-se cada vez mais dos ensinamentos e doutrinas do judaísmo, o que o colocou em conflito com membros da comunidade judaica. Em 1656, Spinoza foi oficialmente excomungado da sinagoga. Em consequência disso, seus amigos e familiares mais próximos o abandonaram.[1]

As autoridades civis, seguindo o conselho dos rabinos, baniram Spinoza de Amsterdã. Pouco tempo depois, porém, voltou para a cidade e se sustentou dando aulas particulares de filosofia e polindo lentes. Ele se recusava a aceitar presentes e doações oferecidos a ele por seus admiradores, um dos quais era o grande filósofo Leibniz.

Spinoza contraiu uma doença pulmonar, talvez por causa de suas atividades de moagem de lentes, e morreu em 21 de fevereiro de 1677, aos 44 anos.

Influências filosóficas

Spinoza recebeu influências de diversos filósofos, desde pensadores antigos como Cícero e Sêneca, incluindo os modernos Descartes, Hobbes e Giordano Bruno. Dentre os medievais destacam-se Ockham, Duns Escoto, Suárez, Maimônides e Avicebron. Além disso, ele teve uma significativa influência da Bíblia Hebraica, Talmude e da Cabala judaica.

Obras

Dentre suas obras destacam-se:

  • Tratado da emenda do intelecto;
  • Breve tratado sobre Deus, o homem e sua felicidade;
  • Tratado teológico-político;
  • Princípios da Filosofia de Descartes;
  • Ética demonstrada à maneira dos geômetras;

A Ética de Spinoza

Spinoza escreveu a Ética com o rigor de um livro de geometria, com axiomas, definições, proposições, escólios e corolários, acreditando que os métodos da geometria poderiam ser usados para descobrir verdades em diversas áreas.

A obra está dividida em cinco partes. A primeira tenta demonstrar a existência de Deus; a segunda explora a natureza e origem da mente; a terceira trata a respeito da origem e natureza dos afetos; a quarta procura explicar por que razão somos frequentemente vítimas de paixões destrutivas; a quinta parte tenta mostrar como podemos controlar as nossas paixões e alcançar a bem-aventurança.

Metafísica

O conceito de Substância

Spinoza definiu o conceito metafísico de substância como “aquilo que é em si e se concebe por si, isto é, aquilo cujo conceito não necessita do conceito de outra coisa para se formar”. Portanto, para Spinoza existe apenas uma única substância, o que vai de encontro ao pensamento de Descartes, que postulava a existência de outras substâncias: res divina (Deus), res cogitans (espírito) e res extensa (matéria).

Esta substância única, autofundada e causa de si mesma é Deus. Por essa razão, Spinoza é considerado panteísta.

Os atributos e modos

Segundo Spinoza, a substância única e infinita manifesta sua essência através de infinitos atributos, porém a mente humana é capaz de conhecer apenas dois: cogitatio (pensamento) e extensio (extensão). As coisas singulares e as manifestações empíricas são modos da substância.

Notas

  1. As principais acusações doutrinais contra Spinoza eram: (1) a ideia de que Deus existe “apenas filosoficamente”; (2) a alegação de que ele afirmava que a alma perece com o corpo; e (3) a negação da Torah (lei de Moisés).

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