Avicena

Ibn Sinä (980 – 1037), mais conhecido como Avicena, foi um dos principais filósofos do Islã medieval. Ele nasceu em Afexana, próximo a Bucara. Seu pai, Abedalá, era membro da seita heterodoxa ismaelita, cuja teologia se inspirava no neoplatonismo.

Quando era criança, Avicena recebeu uma educação religiosa islâmica e, em seguida, mergulhou nos estudos de lógica, matemática, ciências naturais, filosofia e medicina, alcançando maestria nessas disciplinas aos dezoito anos. Al-Natili o introduziu à lógica, geometria e astronomia. Tornou-se médico antes dos 20 anos e, quando jovem, foi considerado o melhor dos médicos muçulmanos.

Avicena relata que só foi capaz de compreender a Metafísica de Aristóteles após descobrir acidentalmente um comentário sobre a obra feito por al-Farabi. Designado como médico na corte samânida, Avicena intensificou seus estudos, aproveitando a excelente biblioteca disponível.

Avicena escreveu livros sobre muitos tópicos, incluindo medicina, matemática, lógica, metafísica, teologia islâmica, astronomia, política e linguística.

Seu livro sobre medicina, al-Qanun (O Cânone da Medicina), foi usado em universidades europeias por mais de cinco séculos. Na maior parte de seu trabalho, ele se inspirou em Aristóteles, mas fez modificações na filosofia do Estagirita.

Teoria do conhecimento: os setes sentidos internos

Em sua análise sobre o conhecimento humano, Avicena começou com os cinco sentidos externos – visão, audição, tato, paladar e olfato. Depois, ele postulou sete “sentidos internos”, que foram organizados em uma hierarquia.

O primeiro é o senso comum, que sintetiza as informações fornecidas pelos sentidos externos. A segunda é a imaginação retentiva, a capacidade de lembrar a informação sintetizada do senso comum. A terceira e a quarta são imaginação animal compositiva e imaginação humana compositiva.

A imaginação compositiva permite que humanos e animais aprendam o que devem se aproximar ou evitar no ambiente. Para os animais, este é um processo estritamente associativo. Os objetos ou eventos associados à dor são subsequentemente evitados, e aqueles associados ao prazer são subsequentemente considerados.

A imaginação compositiva humana, no entanto, permite a combinação criativa de informações do senso comum e da imaginação retentiva. Por exemplo, os humanos podem imaginar um unicórnio sem nunca ter visto um; animais não humanos não possuem essa habilidade.

O quinto é o poder de estimativa, a habilidade inata de fazer julgamentos sobre objetos do ambiente. Os cordeiros, por exemplo, podem ter um medo inato de lobos, e os humanos podem ter um medo inato de aranhas e cobras, ou pode haver uma tendência natural de se aproximar das coisas que conduzem à sobrevivência.

A sexta é a capacidade de lembrar os resultados de todo o processamento de informações que ocorre mais abaixo na hierarquia e a sétima é a capacidade de usar essa informação.

Diferenças entre Aristóteles e Avicena

Embora Aristóteles postulasse apenas três sentidos internos (senso comum, imaginação e memória) e Avicena sete, o filósofo árabe era essencialmente um aristotélico. Seu principal afastamento da filosofia de Aristóteles diz respeito ao intelecto ativo.

Para Aristóteles, o intelecto ativo era usado para entender os princípios universais que não podiam ser obtidos pela simples observação de eventos empíricos. Em Avicena, o intelecto ativo assumiu qualidades sobrenaturais. O intelecto é a capacidade dos seres humanos que permite compreender o plano cósmico e entrar em relação com Deus. Para Avicena, uma compreensão de Deus representava o mais alto nível da atividade intelectual.

A medicina

Como médico, Avicena empregou uma ampla gama de tratamentos para doenças físicas e mentais. Por exemplo, ele tentou tratar pacientes melancólicos lendo para eles ou usando a música como terapia. Às vezes, ele até tentava assustar os pacientes com suas doenças. Alexander e Selesnick (1966) dão o seguinte exemplo:

Quando um de seus pacientes alegou que era uma vaca e berrou como uma, Avicena lhe disse que um açougueiro estava vindo para matá-lo. O paciente estava com as mãos e os pés amarrados; então Avicena proclamou que ele era muito magro e precisava engordar, e o desamarrou. O paciente começou a comer com entusiasmo “ganhou força, desistiu do delírio e foi curado”.

 

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