As 11 teses de Marx contra a filosofia de Feuerbach

Karl Marx nasceu em Trier, em 1818 e morreu em 1883, foi um filósofo, sociólogo e um forte crítico da filosofia hegeliana de sua época. O texto em questão foi escrito como uma crítica à filosofia de Feuerbach.

Em 11 teses, Marx ataca as filosofias materialistas anteriores, trata ainda sobre a alienação, religião, práxis, etc., tudo isso de uma maneira sintética.

Apesar de ser curta, as 11 teses de Marx são importantes para compreender o pensamento de Marx, pois encontramos pontos fundamentais da filosofia de Marx. Este artigo apresenta uma exposição muito resumida desse pequeno texto de Marx.

Crítica ao materialismo de Feuerbach

Na primeira tese vemos Marx atacando o materialismo nas suas variadas formas e à teoria do conhecimento da filosofia idealista, no qual inclui-se o de Feuerbach.

Marx afirma que as concepções materialistas que lhe antecederam tinham o defeito de apenas conceber a realidade, o objeto e a sensação, como objeto de contemplação e não como atividade estritamente humana, isto é, como uma prática (práxis).

Marx afirma que Feuerbach buscou o objeto, porém errou em não tomar a própria ação humana como algo objetivo. Feuerbach, segundo Marx, estaria preso naquela velha concepção de considerar a atitude teórica como representando o elemento essencial do homem. Ele esqueceu o valor da prática, por isso não compreendeu de modo apropriado o significado real do ato revolucionário.

Tal visão de materialismo parecia conduzir a uma visão ativista da história, tornando o homem produto das circunstâncias e esquecendo que o próprio homem modifica as circunstâncias, como encontramos na tese III.

O homem e o trabalho

As teses de I a V visam mostrar que não há um afastamento do real ao se conhecer o mundo, mas é necessário transformá-lo, destacando assim a atividade subjetiva humana, por meio do trabalho. O trabalho, nessa concepção, permite a superação da abstração no sentido de que para conhecer é preciso agir e para agir é preciso conhecer.

Assim, evita-se a alienação que há no trabalho. É por meio do trabalho que o homem domina a natureza e é também nesse processo que o homem encontra a possibilidade da sua própria libertação.

A importância da práxis

Marx se mostra totalmente insatisfeito com a visão materialista de Feuerbach, pois ele concebia o mundo sensível somente como um objeto natural da ciência, e não enxergava como a percepção é condicionada pela práxis social. Percepção é uma construção social. Além do mais, Feuerbach direcionava sua atenção às questões teoréticas tendo-as como essencialmente humanas.

O problema de se ao pensamento humano corresponde uma verdade objetiva não é um problema da teoria, e sim da práxis. É na prática que o homem tem que demonstrar a verdade, isto é, a realidade e a força, o caráter terreno do seu pensamento (Tese 2).

Nesta tese, podemos ver como a teoria do conhecimento de Marx vai influenciar sua teoria sobre a verdade. Uma tradicional definição de verdade, que remonta aos escolásticos, especialmente a Tomás de Aquino, dizia: “veritas est adequatio intellectus et rei” (A verdade é a adequação do intelecto e a coisa).

Marx não se importa muito se há razões para qualquer teoria metafísica da verdade e do conhecimento. O que realmente importa é a práxis. Nesse caso, Marx apoia uma certa noção pragmática de verdade.

Feuerbach e a crítica à religião

Para Feuerbach um dos grandes problemas sociais seria a alienação religiosa, por essa razão, na sua visão as pessoas deveriam se afastar de qualquer religião (podemos encontrar as críticas de Feuerbach à religião na sua obra A essência do cristianismo) 

Marx concorda com ele a respeito da alienação religiosa, mas complementa dizendo que denunciar a religião não é tudo, o principal continua por fazer.

Para Marx, Feuerbach não compreendeu que a alienação religiosa é causada pelas contradições sociais.

Não satisfeito com o pensamento abstrato, Feuerbach recorre à percepção sensível. Não conhece, porém, a sensibilidade como uma atividade prática, humano-sensível (Tese 5).

Um pouco semelhante à primeira tese, aqui Marx julga a teoria do conhecimento mecanicista e materialista de Feuerbach por não abrir espaço para a compreensão da natureza social do conhecimento.

A essência humana

Na tese 6, Karl Marx salienta que a essência humana não é algo abstrato, interiorizado em cada pessoa. A essência do homem é “o conjunto das relações sociais“. Marx critica duramente a visão antropológica de Feuerbach e seu conceito de homem sem a perspectiva social. Para Marx, a humanidade é a totalidade das relações sociais.

O sentimento religioso

Para Feuerbach, a religião é a alienação de indivíduos abstratos. Marx, no entanto, considera a religião um fenômeno social onde o “sentimento religioso” é socialmente produzido e essa produção social da religião pode ser interrompida, pois conseguimos mudar as estruturas sociais por meio da ação revolucionária.

Por fim, a última tese que fala por si e que melhor define o espírito da filosofia de Marx:

Os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo de diferentes maneiras; a questão, porém, é transformá-lo. (Tese 11).

Como citar este artigo

VIEIRA, Sadoque. As 11 teses de Marx contra a filosofia de Feuerbach. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/as-11-teses-de-marx-contra-feuerbach/. Acesso em: 30 de Set. de 2023.

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