Anel de Giges

O Anel de Giges é uma narrativa mítica apresentada por Platão no segundo livro da República, que explora questões sobre a justiça e a moralidade.

O mito narra a história de Giges, um pastor que encontra um anel que lhe dá o poder de se tornar invisível. Com o anel, Giges pode cometer qualquer crime sem ser notado.

O Mito de Giges

O mito começa com Giges sendo pastor de ovelhas do rei da Lídia[1]. Certo dia, Giges apascentava seu rebanho quando, de repente, uma forte tempestade e um terremoto abriu uma enorme fenda na terra. Admirado, Giges entrou na fenda e lá encontrou um cavalo de bronze oco, que levou à descoberta de um corpo morto. O corpo era de um gigante que tinha um anel de ouro em seu dedo. Giges retirou o anel e descobriu que ele tinha o poder de se tornar invisível quando o usava.

Com isso, Giges usou o poder do anel para seduzir a rainha e matar o rei da Lídia, tornando-se o novo governante da Lídia. O poder absoluto do anel leva Giges a uma situação em que ele não precisa mais seguir as regras da sociedade ou da moralidade.

Representação anônima do século XVI da lenda de Giges encontrando o anel, via Wikimedia Commons.

Qual a moral do mito do anel de Giges?

Na República de Platão, o mito do anel de Giges é contado por Gláucon a Sócrates com a finalidade de convencê-lo de que o homem só pratica a justiça por reputação e convenção social, não porque a deseja por si mesma.

Para Gláucon, os homens praticam a justiça contra sua vontade. Se fosse dado o poder de fazer o que quiser a um homem justo e ao injusto, o justo acabaria pelo mesmo caminho do injusto, pois todos são, por natureza, ambiciosos. Ninguém é justo por vontade própria, mas sim por constrangimento e medo das punições.

Com o poder de não ser visto, não haveria consequências para nossos atos. Seríamos livres para agir de acordo com nossos desejos mais profundos, sem medo de castigo.

O Senhor dos anéis de J. R. R. Tolkien

O mito do anel de Giges possui semelhanças com O senhor dos Anéis, do escritor J. R. R. Tolkien. Assim como no mito de Platão, o anel de Sauron concede invisibilidade ao seu portador, além de estar associados a questões de poder e moralidade.

Tolkien nunca mencionou explicitamente o Anel de Giges de Platão como uma fonte de inspiração para O Senhor dos Anéis em suas cartas. Por isso, é difícil determinar se o anel da alegoria de Platão estava presente na mente do autor britânico.

Frodo, Warner Bros./Reprodução.

Referências

PLATÃO, República. Tradução Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbbenkian, 2001.

GALE, Alexander. Plato’s Magic Ring Allegory and the Lord of the Rings. Greek Reporter, 2023. Disponível em: https://greekreporter.com/2023/01/24/plato-ring-allegory-lord-of-the-rings/. Acesso em: 06 de Mai. de 2023.

Notas

  1. Giges (c. 687-651 a.C.) tornou-se rei da Lídia depois de ter assassinado o rei Candaules, e de ter desposado a viúva deste.

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