Alcmeão de Crotona

Alcmeão de Crotona foi um filósofo pré-socrático, médico e um dos principais discípulos de Pitágoras. Ele é considerado um dos primeiros filósofos a buscar a medicina com a filosofia.

Biografia

Alcmeão, filho de Peirithoos, nasceu na cidade grega de Crotona, por volta do ano 510 a.C. Sabe-se pouco sobre a vida e o pensamento deste filósofo, e as informações disponíveis são baseadas em alguns testemunhos e fragmentos sobre ele.

De acordo com Diógenes Laércio em Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, Alcmeão escreveu principalmente sobre temas relacionados à medicina, tendo sido o primeiro a dissecar um corpo humano com objetivos científicos.

Escultura de Alcmeão
Escultura de Alcmeão

Apesar disso, não existem registros históricos da atuação de Alcmeão como médico. Cláudio Galeno o considerava mais um filósofo-cientista do que um médico em si. Por essa razão, alguns estudiosos argumentam que Alcmeão deveria ser classificado como um filósofo da natureza, seguindo a linha de pensamento de muitos dos pré-socráticos.

Através dos relatos sobre Alcmeão, podemos observar que ele era um filósofo que demonstrou interesse por temas relacionados à psicologia, fisiologia e epistemologia. No campo da fisiologia, ele dedicou-se à investigação da natureza do sono, da morte e ao processo de formação dos embriões.

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Cérebro, compreensão e percepção

Alcmeão reconheceu o cérebro como sede da vida psíquica. Imagem de Raman Oza, via Pixabay.

Alcmeão foi o primeiro filósofo grego a considerar o cérebro como o órgão sede das funções psíquicas e a afirmar que os sentidos (visão, tato, etc.) e o pensamento estavam relacionados ao cérebro.

Além disso, foi o primeiro a diferenciar compreensão de percepção. Em um dos fragmentos de sua obra, ele diz:

O homem se diferencia dos demais seres por ser o único que compreende, enquanto os outros apenas percebem, mas não compreendem.

Apesar de possuírem sentidos, os animais não conseguem coletar e interpretar informações captadas pelos sentidos da mesma forma que os seres humanos, realizando inferências a partir desses dados.

O conhecimento

Alcmeão não era um cético, mas ele tinha a convicção de que o conhecimento humano era bastante limitado quando comparado ao conhecimento divino.

Para ele, os homens não poderiam ter um conhecimento claro sobre as coisas invisíveis, apenas poderiam fazer juízos mais ou menos razoáveis pelo uso das sensações. Em um dos fragmentos, ele diz:

[…] Das coisas imperceptíveis só os deuses possuem conhecimento certo; aos homens, apenas é permitido conjeturar.

O que seriam tais coisas imperceptíveis e invisíveis que apenas os deuses conhecem? Alguns estudiosos argumentam que, dado que Alcmeão era médico, ele estava se referindo às doenças que acometem o corpo humano internamente, sem manifestar sinais externos evidentes.

A imortalidade da Alma

Segundo Aristóteles, Alcmeão defendeu a imortalidade da alma, por sua semelhança com o ser imortal. A alma estaria em eterno movimento, assim como os seres divinos se movem eternamente[1].

Trata-se de um argumento por analogia: a alma que se move eternamente assemelha-se aos corpos celestes, considerados divindades. O argumento se baseia na premissa de que tudo o que se move eternamente é imortal.

Cosmologia

Na cosmologia, Alcmeão sustentava a crença de que os planetas se moviam do oeste para o leste, contrariamente ao movimento das estrelas fixas no céu, e, possivelmente influenciado por Anaxímenes, também afirmava que o sol e a lua eram planos.

Referências

BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.

Notas

  1. Aristóteles, De Anima, I, 2 405a.

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