A vida de Alcmeão
Alcmeão, filho de Peirithoos, nasceu na cidade grega de Cróton por volta do século V a.C, foi médico e filósofo pré-socrático, e segundo algumas fontes antigas, ele também foi um dos principais discípulos de Pitágoras.
Pouco se sabe sobre vida e o pensamento deste filósofo, e o que se sabe é graças a alguns testemunhos e fragmentos sobre ele. Diógenes Laércio afirmou que Alcmeão escreveu principalmente sobre assuntos ligados à medicina. Diz-se ter sido ele o primeiro a dissecar um corpo humano com finalidades científicas.
No entanto, não há relatos históricos de sua vida como médico praticante. Cláudio Galeno, por exemplo, o considerou mais um filósofo-cientista do que propriamente um médico. Por essa razão, alguns estudiosos defendem que Alcmeão deveria ser mais intitulado um filósofo da physis, linha de pensamento seguida por boa parte dos pré-socráticos.
Percebe-se pelos testemunhos sobre Alcmeão, que ele foi um pensador interessado por questões de psicologia, fisiologia e epistemologia. No âmbito fisiológico, ele investigou a natureza do sono, da morte e a formação dos embriões.
Cérebro, compreensão e percepção
Alcmeão foi o primeiro filósofo grego a considerar o cérebro como o órgão sede das funções psíquicas; ele acreditava que os sentidos (visão, tato, etc.) e o pensamento estavam ligados ao cérebro.
Ele também foi o primeiro a distinguir a compreensão da percepção. Em um dos fragmentos, ele diz:
O homem se diferencia dos demais seres por ser o único que compreende, enquanto os outros apenas percebem, mas não compreendem.
Embora os animais possuem os sentidos, eles não são capazes de reunir esses dados captados pelos sentidos e realizar inferências da mesma forma que o ser humano consegue.
Conhecimento segundo Alcmeão de Cróton
Alcmeão não era um cético, mas considerava que o conhecimento humano é, de certa forma, muito limitado se comparado ao conhecimento dos deuses.
Para ele, os homens não poderiam ter um conhecimento claro sobre as coisas invisíveis, apenas poderiam fazer juízos mais ou menos razoáveis pelo uso das sensações.
Em um dos fragmentos, Alcmeão diz:
[…] Das coisas imperceptíveis só os deuses possuem conhecimento certo; aos homens, apenas é permitido conjeturar.
O que seriam tais coisas imperceptíveis e invisíveis que apenas os deuses conhecem?
Alguns estudiosos, levando em conta que Alcmeão era médico, consideram que ele estaria se referindo às doenças que afligem internamente o corpo humano, doenças que não deixava sinais exteriores.
A imortalidade da Alma
Alcmeão também foi um dos primeiros pensadores a elaborar argumentos para provar a imortalidade da alma.
Segundo Aristóteles, Alcmeão defendeu a imortalidade da alma, por sua semelhança com o ser imortal. Para ele, a alma estaria em eterno movimento. E todos os seres divinos se movem eternamente, por exemplo, a lua, o sol, estrelas e todo céu (Aristóteles, De Anima, I, 2 405a).
Trata-se de um argumento de analogia, a alma que se move eternamente é como os corpos celestes, considerados por ele como divinos. O argumento se baseia, portanto, na premissa de que tudo o que se move eternamente é imortal.
Cosmologia
Algumas fontes sugerem que Alcmeão também elaborou uma teoria cosmológica. Ele propôs que os planetas se movimentavam do oeste para o leste, em direção contrária ao movimento das estrelas fixas no céu.
Em uma possível conexão com Anaxímenes, ele também defendia que o sol e a lua eram planos.
Referências
BORNHEIM. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, 1989.
Como citar este artigo
VIEIRA, Sadoque. Alcmeão de Crotona. Filosofia do Início, 2021. Disponível em: https://filosofiadoinicio.com/alcmeao-de-croton/. Acesso em: 24 de Mar. de 2023.